A função da história é nos tornar atentos aos acontecimentos analisá-los e termos uma noção do que esta se passando. Uma nação cuja história não é valorizada e dada o seu devido valor esta sujeita a se perder no tempo.
Depois da “Baronesa”,
que foi a pioneira das locomotivas brasileiras, pois inaugurou a primeira estrada
de ferro do país, em 1854, acredita-se que a locomotiva de n° “15”, da “SPR” Estrada
de Ferro Santos a Jundiaí, seja a mais antiga.
Foto extraída do livro Brazilian railroads
Quando de sua
importação da Inglaterra, fazendo parte do primeiro lote de locomotivas
adquiridas para o início das atividades da ferrovia, então conhecida por “Inglesa”,
recebeu o nome de locomotiva “Rio Claro”, e só mais tarde ficou conhecida como “15”,
devido ao desaparecimento paulatino de suas demais congêneres. Suas
características são as seguintes: classe 4-4-0, fabricada por Sharp Stewart
& Co, no ano de 1862; capacidade de tração: 85% (5.180 Kg); pressão de
caldeira: 160 libras; diâmetro das rodas guias 838 e moariz 1.549 cilindros: 2
grelhas simples; peso jogo guias 10.920 Kg; aderente 24.540 Kg; freio manual,
mais tarde adaptado a vácuo.
Por ocasião do
centenário da E.F.S.J., a 16 de fevereiro de 1967, foi realizada uma mostra ferroviária,
daí ser apurado que na abertura da linha entre Santos e Jundiaí, 20 locomotivas
foram importadas são Elas: “Pioneer” n° “0”, “Interprise” n° “1”, “Santista” n°
“2”, “Ipiranga” n° “3”, “Campineira” n° “4”, “Imperador” n° “5”, “Paulista” n° “6”,
“Imperatriz” n° “7”, “Princesa Imperial” n° “8”, “Piassaguera” n° “9”, “Jundiaí”
n° “10”, “Tietê” n° “11”, “Paranapiacaba” n° “12”, “Brasil” n° “13”, “Piratininga”
n° “14”, “Rio Claro” n° “15”, “Limeira” n° “16”, “Rio Grande” n° “17”, “Conde D’Eu”
n° “18”, “Juqueri” n° “19” e “Tamanduateí” n° “20”.
Cartão Telefônico - Série: Locomotivas - Locomotiva 15
A locomotiva “Pioneer”
foi a primeira a chegar e passou a servir nas manobras, entre o cais e o pátio,
da futura estação de Santos, e as demais foram importadas durante a construção
da estrada de ferro “SPR”, exceção da “Juqueri” e “Tamanduateí”, que somente
chegaram a Santos em 1877. Desse lote, três locomotivas foram atiradas ao
mangue pelas fortes enxurradas provenientes das chuvas torrenciais que caíram
na época da construção do aterrado de Cubatão, entre 6 e 8 de janeiro de 1863,
sabendo-se, porém, que foram recuperadas após exaustivos trabalhos.
A máquina N° 15 foi a primeira locomotiva a percorrer o trecho Santos – Jundiaí.
Fabricada em 1862 pela Sharp Stewart & Co, tracionava o carro do Imperador D. Pedro II. Foto http://www.ribeiraopires.fot.br/
A locomotiva
“Rio Claro” n° “15”, é exatamente igual às denominadas “Limeira”, “Rio Grande”
e “Conde D’Eu”, e foram utilizadas no serviço de cargas. Não tinha “Tênder”,
mas tinha no lugar uma gôndola (carro de roça), tendo movimentado trens de
carga e passageiros até a duplicação da linha em 1901, quando então foi
transferida para os serviços de manobras, entre Paranapiacaba e Jundiaí.
Prestou serviços até a eletrificação da estrada de ferro, em 1951, ou seja,
durante 90 anos, e fatalmente seria desmantelada em 1927, juntamente som suas coirmãs
“Rio Grande”, “Conde D’EU” e “Juqueri, não fosse a intensificação do tráfego de
cargas ter exigido esforço e recuperação, além de cooperação em larga escala de
todo o material rodante. Assim é que, após rigoroso exame, as locomotivas já “condenadas”
tiveram suas falhas e defeitos corrigidos, voltando à atividade, menos a locomotiva
n° 15 que havia sido oculta num barracão, pois ainda não havia cessado a ameaça
de ser transformada em sucata. Meses mais tarde, a estrada de ferro passou a
receber novas e modernas locomotivas encomendadas da Inglaterra, e as velhas
máquinas sofreram a “pena capital”, enquanto a locomotiva nº 15, deixando seu “esconderijo”
passou por novas reformas e voltou a
tráfego ativo, somente sendo “aposentada” a partir da época da eletrificação,
em 1951. Com 111 anos de vida, apenas 10 anos mais moça que a Baronesa” (esta
construída na Inglaterra em 1852), a locomotiva n° “15” é hoje um patrimônio inestimável.
Obs: Hoje está Senhora de 153 anos , descansa em maus lençóis no Museu ferroviário "Funicular" em Paranapiacaba.
Artigo de Laís Costa Velho, extraído da revista Correio dos Ferroviários de dezembro de 1973, escrita e artigo igual ao original.